Há cerca de seis meses ouvi falar num certo estudo feito por uma empresa de consultoria, que apontava para o fim dos benefícios fiscais, a justificação utilizada era tão disparatada que já não me lembro.
Não perdi muito tempo a pensar no assunto, pois não achei que este governo fosse capaz de tirar às famílias um benefício que é proveniente de um esforço que fazem para aumentar o nível de educação dos seus membros e, ao mesmo tempo, contribuir para que o desenvolvimento do nosso país, a médio prazo, se faça de uma forma mais sustentada.
Devia ter dado alguma preocupação a este "inocente" estudo! O que me aconteceu a mim, provavelmente aconteceu a muitos Portugueses que apesar de lerem ou ouvirem falar dele, simplesmente não ligaram importância. Apercebo-me agora, que foi apresentado o orçamento de 2007, que aquele estudo foi uma primeira auscultação da opinião pública por parte do governo para algo que já andava a ser preparado, que é o fim dos benefícios fiscais.
Consigo perceber agora que sempre que é necessário tomar uma medida impopular, essa medida é de alguma forma veiculada por um orgão de comunicação social de uma forma camuflada, ou até mesmo subliminar, de maneira a que as massas reajam e depois o governo possa fazer o ajuste necessário.
Neste caso os Portugueses nada disseram, pouco se falou nos dias seguintes. Na maioria dos casos porque a sucessão de telenovelas a seguir ao telejornal é demasiado importante para se perder tempo com as notícias que as antecedem. E assim, para 2007, o beneficio fiscal com despesas de educação do agregado familiar, já era!... Fica assim o défice controlado nos 3.7% e não é posto em causa a OTA e o TGV.
Sr. Primeiro-Ministro, acabou de trair a pouca confiança que (me) restava no seu governo, sinto-me responsável por o ter eleito, pois coloquei o meu voto no seu partido nas últimas legislativas. A pouca credibilidade que os políticos me merecem foi abalada de vez, pois a lógica economicista em relação a um sector tão importante como é a educação nunca devia ser aplicada como se de uma empresa se tratasse. A educação não é uma despesa de um Estado, a educação é um investimento.
Provavelmente, este governo ficará na história por ser o maior carrasco da educação neste curto periodo de legislatura, com pequenos passos desmotivam os professores, desmotivam os alunos e até mesmo as famílias desses alunos.
De que serve termos um TGV e um aeroporto novos? Se depois há pessoas que não tiveram acesso à educação ou não puderam dar a educação necessária aos seus filhos para eles serem competitivos no mundo do trabalho, que é cada vez mais exigente, a trabalhar como indiferenciados e a ganhar uma miséria que o unico transporte que podem pagar é o cacilheiro para regressar a casa. É um país de mão de obra barata que queremos construir? Se esse é o objectivo digam a verdade: A OTA e o TGV não são para os Portugueses, mas sim para turistas estrangeiros, só eles vão ter dinheiro para viajar. Já que são eles os futuros usufrutuários destes dois mega empreendimentos, talvez não seja má ideia aproveitamos a presidência da UE para pedir mais uns dinheiros em forma de adiantamento.
Onde é que pára a paixão pela educação do PS?
Volta PSD! Estás perdoado...